Estou a adorar escrever esta história do ponto de vista da Carlota,
misteriosa, mas ao mesmo tempo ponderada, existe uma certa magia nesta
personagem que me deixa nostálgica com a possibilidade de um dia deixar
de escrever a história do ponto de vista
dela.
Mas pelas minhas contas ainda falta muito para esse dia, e enquanto
vocês estiverem a gostar vou continuar com ela, apesar de já saber mais
ou menos o que pretendo fazer com a personagem (pelo menos em algumas
ocasiões).
"O jantar com o chefe do Dinis até estava correr bem, mas por algum motivo, sentia-o tenso sentado ao meu lado.
Quer dizer, não o posso criticar, se fosse o meu chefe sentado aqui
ao meu lado também não ia estar na melhor das disposições, ia estar
sempre com receio de falar de mais, de beber de mais, de fazer algo que
ele não considerasse apropriado.
Felizmente a Eduarda está a ser um bom condutor de conversa, e o
meu irmão também está a ajudar bastante fazendo algumas perguntas gerais
que afastam a conversa de qualquer tema relacionado com o trabalho.
No final do jantar eles decidem ir até ao bar, mas como me parece
que o Dinis não está muito satisfeito com a ideia digo que quero visitar
a vinha e ver o céu estrelado em campo aberto, ele imediatamente
percebe a deixa e oferece-se para vir comigo deixando
os outros no bar.
- Obrigada, és um anjo. - Agradece ele já cá fora.
- Não tens que me agradecer, mas era bom se arranjasses alguma
coisa para a gente se entreter... Não podemos ir já para os quartos... -
Explico avançado pelo caminho de gravilha.
- A tua ideia de ver as estrelas a céu aberto parece-me bem. Afinal
de contas na cidade temos tanta poluição visual com prédios e luzes que
é quase impossível ver o céu e as estrelas como deve ser.
Começamos a caminhar, gosto da maneira como a conversa flui entre
nós, sem preconceito, sem perguntas, sem medos. É errado da minha parte
sentir-me mais confortável à beira deste quase estranho do que dos meus
amigos?
- Ficaste muito calada de repente... - Notou o Dinis fitando-me ,
ainda temos alguma da iluminação do hotel e da quinta atrás de nós, por
isso consigo ver bem aquele rosto bonito a fitar-me com curiosidade.
- Pensamentos... Apenas isso...
- Sobre aquele teu misterioso segredo? Sabes que mais tarde ou mais
cedo alguém vai descobrir... Os segredos tem o estranho defeito de
nunca serem segredos por muito tempo.
Tenho que me rir desta verdade irrefutável.
- Era nisso mesmo que estava a pensar. Mas sabes é complicado.
- Queres falar sobre isso... Podemos falar dos teus receios sem me contares o segredo.
Creio que posso falar, mas será que devo?
- Bem... - Começo - O problema não é o segredo em si. Não é nada de
tão escandaloso que ninguém possa saber, o problema é como as pessoas
me vão ver a mim. Sempre fui a mais nova do grupo, eles sempre me viram
como a menina ingénua que precisa de proteção.
E acredita que preciso de ajuda e proteção muitas vezes. Mas enquanto
todos repararam que a Eduarda se tornou numa adulta séria e sarcástica, e
a Ana se tornou numa mulher perfeita, eu sou ainda a pequena Carlota.
- Pois, para eles serás sempre a pequena Carlota.
- Exatamente. Como é que eles vão olhar para mim quando perceberem
que eu já não sou pequena? Que eu sou uma pessoa como eles? Pior que
isso, eu sou uma pessoa melhor que eles!
- Agora perdi-me. - Diz ele olhando-me confuso.
Não devia ter dito aquilo! Aliás eu nem devia ter começado, mas está a ser tão libertador falar...
- Já deves ter reparado que a maioria dos meus amigos são pessoas
inteligentes, muitos deles são verdadeiros especialistas em determinadas
áreas. O QI deles estão classificados como médios altos, tirando a
Eduarda que desde miúda foi rotulada de superdotada,
mas isso é visível...
- E justifica muitas coisas que ela faz e diz! - Acrescentou o
Dinis rindo. - Mas o que é que isso tem haver contigo? Não me digas que
te sentes inferior a eles...
Desato a rir. E não é só porque estou nervosa e porque nunca contei
isto a ninguém. Esta afirmação dele só vem ao encontro da minha teoria
de que os meus amigos não iam aceitar a verdade.
- Inferior? Dinis, o meu QI é de 180. Sou considerada um génio!
A revelação deve ter sido tão chocante que ele está a olhar para
mim com cara de parvo. Aliás muito parvo, parece mesmo um idiota.
- WOW! Agora tenho uma série de perguntas que te quero fazer! - Diz ele ainda a rir.
- Podes começar...
- Porque é que trabalhas num supermercado? Não devias estar na NASA ou assim...
- Não te posso responder a isso.
- Porque é que não és como a Eduarda? Quer dizer, ela é inteligente e mostra que é inteligente, mas tu... Porque é que escondes?
- A Eduarda foi considerada uma criança superdotada muito cedo. Teve uma professora que detetou o potencial dela cedo, e com a ajuda e
psicólogos e afins ela conseguiu crescer com a sua super inteligência e
aprendeu a geri-la. Eu só soube que era assim há três anos, na faculdade, porque um professor sugeriu-me fazer uns
testes para uma empresa, e foi lá que soube que afinal era um génio.
Sempre achei que era apenas inteligente.
- Faculdade? Da maneira que todos falam pensei sempre que nunca tinhas ido para a faculdade...
- Quando acabei o 12º ano não me sentia tentada a estudar, porque
não gostava da escola nem das coisas que por lá aprendia. Porém depois
de um ano a trabalhar percebi que queria adquirir mais conhecimentos e
inscrevi-me na faculdade.
- Qual foi o teu curso?
- Psicologia.
- Irónico que uma mente brilhante estude as outras mentes.- Brinca
ele ficando de frente para mim, não parece chocado com o que acabei de
dizer, mas sim orgulhoso. - Cada vez me surpreendes mais...
- Isso é bom ou mau?
- Para génio não és muito boa a perceber as coisas óbvias pois não?
Olho para ele de forma interrogativa. Onde é que ele quer chegar?
- Caramba Carlota, eu estou cada vez mais apaixonado por ti!
A sério? Já sabia que havia uma faísca, mas dai a uma declaração destas... O que é suposto eu fazer agora?
Não pensei mais, beijei-o. Se eu não aceitasse neste momento que
este homem estava apaixonado por mim, provavelmente nunca mais o iria
fazer."
Se ainda não leram...
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Espero que tenham gostado mais deste capítulo, agora vamos ver o que vai acontecer neste tão desejado fim de semana.
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É caso para dizer FINALMENTE!
ResponderEliminarSó uma nota, não leves a mal, em português de Portugal o termo correto é "sobredotado/a", a palavra que usaste "superdotado/a" é correta em português mas do Brasil. Por cá as pessoas são sobredotadas :)
Obrigada pela observação, confesso que na altura fiquei com essa dúvida. Irei corrigir!
EliminarYeeeeeah! Segredo desvendado. E, acredito, menos um peso para a Carlota, ainda que se mantenha em anonimato, digamos assim, para o resto do grupo.
ResponderEliminarNunca chegaria a este desenrolar da história, mas adorei
Obrigada querida!
EliminarContinua.
ResponderEliminarBeijinho
Muito obrigada!
EliminarGostei do que li minha amiga e aproveito para desejar um bom Domingo.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Agradeço o apoio!
Eliminarque interesante, esto no lo conocía
ResponderEliminarObrigada!
EliminarOmg... I like the kiss in the end!
ResponderEliminarwww.fashionradi.com
Gostei de ler.
ResponderEliminarHoje em dia os psicólogos e psiquiatras já não dão tanta importância ao QI de uma pessoa como antigamente. Eles começaram a notar que pessoas com um QI normal ou até um pouco abaixo do normal, conseguiam ter muito sucesso pois eram pessoas disciplinadas, carismáticas e persistentes. E hoje sabe-se que todos temos vários tipos de inteligência, mais ou menos desenvolvidos, divididos assim:
Inteligência Linguística, - facilidade de se expressarem.
Inteligência Lógica - grande memória e talento par a matemática.
Inteligência Motora - grande talento para a dança e desportos.
Inteligência Espacial ou geométrica - grande capacidade para o desenho, são regra geral pessoas sensíveis e muito criativas, quase sempre virados para as artes.
Inteligência Musical - grande talento para a música, detetar sons sons e notas musicais. Algumas pessoas têm esta capacidade tão desenvolvida que aprendem a tocar sozinhos e desde bem pequenos.
Inteligência interpessoal -Capacidade para comunicar com as pessoas.
Inteligência Intrapessoal - a capacidade de se conhecer a si próprio.
Inteligência prática - capacidade de aprender com experiência de vida.
Inteligência Académica - a capacidade de aprendizagem e de ensinamento.
Inteligência emocional - a capacidade de gerir as suas emoções, o autocontrole e a empatia.
Sabia que já há psicólogos a considerar que esta última pode ser a mais importante? De facto uma pessoa pode ser muito inteligente, mas se não souber gerir as suas emoções e não tiver controlo sobre os seus impulsos decerto vai acabar mal.
Abraço e uma boa semana