Entretanto aproveito para vos avisar que este é o capitulo final da primeira parte da história. Fiquem atentos à reviravoltas!
"Gritos! Só consigo ouvir gritos e duas ou três crianças a chorar.
- O meu marido, alguém viu o meu marido? - Pergunta uma mulher que vi em tempos entrar no prédio ao lado do meu.
Tenho que ligar aos meus pais, eles iam estar fora todo o fim de
semana, mas se já souberam do que aconteceu devem estar muito
preocupados.
Ao longe começo a ouvir as sirenes dos bombeiros. Está tudo uma enorme confusão.
- Tens o teu telemóvel? O meu ficou lá em cima... - Digo eu Duarte,
nem precisei de explicar mais nada, segundos depois ele tinha o
telemóvel esticado na minha direção.
É a minha vez de lhe esticar os dois cães. Consigo fazer a chamada
apesar das dificuldades de comunicação, mas tenho que desligar porque a
rede está cheia falhas, pelo menos eles estão bem e sabem que estou bem.
- Tenho que ir ver se o Rodrigo está bem.
Ele é o meu vizinho mais próximo e quando digo próximo refiro-me a uma rua de diferença.
Pego no Mário e deixo que o Duarte segure o Luigi, sinto o coração
do pequeno cão acelerado, devem ter apanhado um grande susto. Só me
apetece dizer que está tudo bem, que eles estão seguros e bem, mas não o
consigo fazer até ter a certeza do que digo.
Caminhamos até casa do Rodrigo e em menos de 10 minutos estou em
frente à porta, lá dentro está tudo às escuras, mas consigo ver duas
silhuetas no jardim da frente.
- Oh Edu estás bem!!! - Grita a Joana abraçando-me.
- Como é que vocês estão? - Pergunto verdadeiramente preocupada.
- Estamos bem, tirando o facto que me cortei num vidro, nada de grave. - Diz o Rodrigo.
- As pessoas estavam a dizer que o abalo foi menor na nossa zona, aqui em casa não tivemos grandes problemas. - Disse o Rodrigo.
- Já estive a ver e está em ordem. - Disse a Joana com aquele tom de segurança que eu precisava de ouvir.
- Sabem dos outros? - Pergunto enquanto aperto o Mário que ainda está a tremer no meu colo.
- Ligamos ao Ivo, ele e a Ana estão bem só sentiram uma coisa leve,
estão a vir para cá, mas suponho que não vão chegar tão cedo. - Disse o
Rodrigo entrando em casa.
- O Artur e a Carlota? - Pergunto.
- Não consigui ligar com eles ainda. - Disse a Joana enquanto segurava no telemóvel.
Estamos todos confusos, mas pelo menos a Joana parece estar mais ou
menos concentrada, por isso decidimos deixar os cães em casa do Rodrigo
que apesar de mais velha que a minha está com muito melhor aspeto.
Fazemos uma caminhada de quase quarenta minutos,
e cada vez que avançamos para leste percebemos que a destruição foi
pior, tento não olhar muito para a destruição que me rodeia, começo a
tremer, tenho medo do que vou encontrar.
No meio do pânico sinto a mão do Duarte na minha, nem me lembrava que ele estava ali comigo.
- Não tens que ligar a ninguém? - Pergunto alertada.
- Não, a minha família é de longe.
- Estou Artur!!! - Grita a Joana que ainda não tinha largado o
telemóvel numa tentativa de contacto com ele e com a Carlota. - Sim,
estamos a ir para lá, tem calma, vem com cuidado, nós já estamos a
chegar, assim que soubermos alguma coisa avisamos.
Fito a Joana assim que ela desliga o telemóvel.
- O Artur diz que está bem, em casa dele o impacto foi pequeno, mas
ele está preocupado com a Carlota e com os pais. Está a caminho, mas
diz que a policia está a bloquear as estradas todas...
Sinto um nó no estômago, quando percebo que a Carlota não contactou
o irmão. Ele seria a primeira pessoa a quem ela iria ligar numa
situação destas. Sem darmos conta aceleramos o passo, mas eu preferia
ter ficado escondida debaixo da minha mesa da sala.
Outra vez pessoas aos gritos, crianças a chorar, cães a ladrar, sirenes dos bombeiros. Aqui a confusão é ainda pior.
Sinto um pânico terrível quando mesmo em frente da casa da Carlota
vejo uma ambulância, estão a meter alguém numa maca. O meu sangue está a
gelar.
Não me lembro de ter ordenado às minhas pernas que corressem, passo
pela casa dos meus pais que está as escuras, não penso nos danos, o que é importante não está lá, corro
para o portão da casa seguinte, e fico petrificada. Sinto a Joana, o
Rodrigo e o Duarte atrás de mim, ou será a
minha frente? Não sei, não consigo tirar os olhos, por momentos parece
uma estátua, mas é a Carlota. Parada no meio do jardim, está com um
pijama branco e o mais assustador é que o pijama está coberto de sangue.
Não sei como é que soube que era sangue, poderia ser muita coisa, mas instintivamente soube que era sangue.
A Carlota não se mexe, está a chorar, mas em silêncio, uma calma
inquebrável que no meio de toda esta confusão se torna assustadora.
- Carlota... O que é que se passou? - Perguntou enquanto me aproximo calmamente.
- O meu pai... O meu pai... - Diz ela a chorar.
- Era o teu pai que estava na ambulância? - Pergunta a Joana com muita calma.
- Não, eles levaram a minha mãe para ambulância, ela tem uma
fratura exposta na perna... Eles disseram que iam enviar alguém para me
ajudar, ou levar... Mas eu estou bem, estava na cave a arrumar umas
roupas velhas...
Se era a mãe que estava na ambulância porque é que ela estava a
falar do pai?! Ela está em choque e não sei como falar com ela, pois ela
parece confusa.
- Carlota, querida, onde está o teu pai? - Pergunto o mais calmamente que consigo.
- Tenho que ligar ao Artur!!! - Diz ela começando novamente a chorar.
- Já falei com o Artur, ele está bem, vem já a caminho... - Garantiu a Joana olhando para mim, nenhuma de nós sabe o que fazer.
- Ele não pode vir já, ele não pode ver...
- Não pode ver o quê? - Pergunta o Rodrigo.
- O meu pai... - Diz ela retomando o choro compulsivo. - O meu pai está na sala e está morto!
Ficamos todos em choque, ficamos todos sem saber o que fazer, mas
foi o Rodrigo que teve a atitude mais certa, e a abraçou. Assim que se
sentiu no conforto de um abraço amigo ela desatou a chorar.
- Vou lá dentro. - Digo.
- Pode ser perigoso. - Diz a Joana. - Além disso, não sabes o que vais encontrar...
- Eu sei, mas alguém tem que ter a certeza antes de o Artur chegar e descobrir.
Eu sabia que ia ser difícil, cresci quase toda a minha a vida a
frequentar aquela casa, cresci ao lado do Artur e dos pais dele, não
estava preparada para o que vi. Não havia hipótese de ele ter
sobrevivido. Recuo para trás, o tempo parece parar, mas de
repente alguns elementos fardados entram na sala e retiram-me da casa.
Não reparei qual era a farda deles, o pai do Artur e da Carlota, o
senhor Alberto, estava morto.
Quando chego ao jardim, vejo o Artur a fitar a irmã, está em
pânico, mas a proteção civil não o deixa passar do jardim, olha para
mim à espera que eu lhe diga que não passa tudo de um mal entendido, mas
a única coisa que consigo fazer é abanar a cabeça
e chorar."
Se ainda não leram...
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Espero que tenham gostado deste capítulo, sei que está num registo
um pouco diferente do habitual, mas também não queria que história fosse
só coisas boas. Depois digam o que acharam.
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Um episódio emocionante.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana
Obrigada!
EliminarLi todo este capítulo de coração acelerado e já de lágrimas nos olhos! Deste uma volta incrível à história
ResponderEliminarOh querida, fico feliz por saber que causei todo esse impacto! Obrigada!
EliminarGostei de ler
ResponderEliminarBom fim de semana
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Alimentos que reduzem a vontade de comer doces
Obrigada!
EliminarFonix... Nao quero nem imaginar a situação :(
ResponderEliminarBom domingo
Beijinhos
https://matildeferreira.co.uk/
Deve ser terrível!
EliminarEu cá gostei. Escaparam-me um ou outro capítulo mas deu para acompanhar.
ResponderEliminarBjs
Tens que ler os que estão em atraso então!
EliminarEmotional ❤
ResponderEliminarThanks!
EliminarHmmm... que reviravolta.
ResponderEliminarTentei dar uma volta inesperada à história!
EliminarSim, adorei o episódio:))
ResponderEliminarHoje:- Mesmo que faltem as forças, eu vou...
Bjos
Votos de uma óptima Segunda- Feira.
Fico feliz por saber!
EliminarBem interessante esse capítulo!
ResponderEliminarBeijo!
Cores do Vício
Muito obrigada!
EliminarMuito obrigada!
ResponderEliminarUltra emocionante do princípio ao fim, este capítulo!...
ResponderEliminarUma completa surpresa, tanto dramatismo... mas gostei deste registo bem diferente do habitual... já ansiando, pelos desenvolvimentos, do próximo capítulo!... Beijinhos! Boa semana!
Ana