sábado, 22 de dezembro de 2018

Tinha tudo para correr mal (16º Capítulo)

E porque o natal está à porta, esta semana vamos ter um episódio especial de natal de "Tinha Tudo Para Correr Mal". Se bem se lembram o grupo de amigos tinha combinado fazer um churrasco de natal em casa da Joana...

"É incrível como em pleno dezembro pode estar uma noite agradável. Tudo bem que estamos cá fora, junto ao churrasco com casacos grossos e gorros, alguns até estão de luvas e bebidas quentes, mas conseguimos estar todos juntos no pátio da Joana enquanto o Ivo e o Rodrigo fazem as brasas para que as celebrações de natal comecem.
- Adorei a decoração que fizeste com as luzes. - Diz a Ana sentando-se à beira da Joana.
A verdade seja dita, a Joana surpreendeu toda a gente com uma decoração de natal fabulosa, principalmente com a iluminação do pátio. 
- Que frio!!! - Reclama a Carlota assim que passa da sala para o pátio pelas portas de correr.
- Pronto, tinhas que estragar o momento! - Reclama alguém entre as várias exclamações.
- Ei! Pessoal! Estão a ouvir isto? - Pergunta o Ivo.
- O que? - Perguntamos todos.
- Um barulho estranho... 
- Deve ter sido confusão, de qualquer forma estamos a fazer tanto barulho que não dá para ouvir nada. - Respondeu a Ana.
A conversa estava a retomar à normalidade quando o Ivo nos faz sinal para nos calarmos. Entrei dentro de casa e desliguei o rádio. Saindo a correr cá para fora.
- O que foi? - Perguntamos.
- Voltei a ouvir o mesmo barulho, parecia uma espécie de choro.
- Estejam todos calados. - Ordeno enquanto me tento concentrar nos barulhos fora da nossa casa. De repente estávamos todos concentrados.
- Agora ouvi também! - Disse a Carlota, - Parecia um gemido...
- Credo, o que será? - Perguntava a Ana um tanto ou quanto assustada.
- Vem dali... - Digo eu aproximando-me da entrada. Abri o portão e sai em direção à estrada. O barulho parecia mais fraco, mas mais desesperado. Atrás de mim, o Ivo, o Rodrigo, a Joana e o Artur pareciam tão surpreendidos como eu.
Finalmente encontramos o local de onde vinham os estranhos gemidos.
- Estás a brincar! - Exclama o Rodrigo ao perceber que os barulhos vinham do um contentor do lixo.
Não é muito corajoso abrir um caixote do lixo com as mãos a tremer, mas foi o que eu fiz, estava com medo do que iria encontrar, mas assim que abri a tampa, percebi que aquilo que estávamos a ouvir não era gemidos, mas sim latidos.
- Luz!!! Tragam-me luz!!! - Grito metendo as mãos no meio do lixo dos vizinhos da Joana. 
- São cães? - Perguntou a a Joana. 
- Acho que sim, mas não os consigo ver! - Digo eu quase caindo dentro do caixote do lixo.
- Tragam luzes! - Disse o Artur trepando literalmente para dentro do contentor do lixo. - Eu ajudo a procurar.
Movida pelo exemplo do Artur e por uma estranha coragem, também eu me meti dentro do contentor do lixo. Aos poucos e com cuidado eu e o Artur fomos removendo sacos de lixo. Não sei quanto tempo passou mas subitamente senti alguma coisa mexer-se sobre os meus dedos.
De repente já tinha umas quantas lanternas apontadas para mim, peguei num saco preto de plástico grosso saltei para fora do contentor. Não sei como é que não cai, não sei se me ajudaram, estava a funcionar em piloto automático. 
A Joana ajoelhou-se à minha beira. Também o Artur se aproximou de nós. Rasguei o plástico. O choque... Fiquei tão chocada que as lágrimas me caíram pelo rosto. Três pequenos cachorrinhos estavam dentro do saco, e tinham sido abandonados para morrer. 
- Não acredito! - Disse o Rodrigo.
- Estão os três bem? - Pergunta o Artur pegando num dos pequenotes.
- Não sei, mas pelo menos estão vivos... - Digo eu segurando os outros dois.
- Um amigo meu é veterinário. Vou-lhe ligar e levamos lá os pequenotes. - Disse o Artur ajudando-me a levantar.
Estava toda suja e cheirava a lixo, descobri cascas de camarão no meu cabelo, e o Artur tinha rasgado o seu casaco de marca, mas nem eu nem ele parecia-mos preocupados com isso. Aquelas vidas nos nossos braços valiam mais que um casaco de marca e uma ida ao cabeleireiro.

Regressamos à festa duas horas depois, tínhamos ido ao veterinário com os três cachorros, tomado um banho, alimentado os pequenos e mudado de roupa. Assim, entramos pelo portão da casa, enquanto todos se riam animadamente e bebiam o seu café.
- Pedimos desculpa pelo atraso. - Diz o Artur com toda a sua elegância.
- E pedimos desculpa porque trouxemos companhia. - Dissemos mostrando entre os braços os três cães que tínhamos resgatado.
Agora os pequenos estavam bem mais bonitos, também tinham tomado banho e sido desparasitados, apesar de parecerem castanhos escuros quando os resgatamos, eu e o Artur rapidamente percebemos que eles eram castanho claro, afinal era apenas lixo e semanas de maus tratos.
- São os... - Diz a Ana correndo para nós.
- Sim. - Sorrio, agora sei que estes três irmãos vão ficar bem. - Apresento-vos o Mário. - Mostro o primeiro cão com um lacinho vermelho ao pescoço. - O Luigi... - Mostro o segundo cão um um lacinho verde no pescoço.
- E esta menina aqui... - Começou o Artur mostrando uma cadela bebé com um laço cor de rosa no pescoço. - É a Princesa Peach
A gargalhada foi geral e enquanto nos divertia-mos e comia-mos o que sobrava do jantar  os três pequenos animais brincavam animadamente no pátio e pediam os restos.
- Vais ficar com eles Artur? - Perguntou a Carlota.
- Só com a Princesa Peach. - Disse ele. - O Mário e o Luigi vão ficar com a Eduarda.
- Com a Edu? - Perguntaram o Rodrigo e a Joana surpreendidos. 
- Sim comigo, qual é problema?
- Não te consigo imaginar com paciência para animais... Apenas isso - Disse o Rodrigo.
- Fiquem a saber, se entre nós existe alguém capaz de cuidar destes pequenos é a Edu! - Riu-se o Artur que já conheceu alguns animais de estimação que tive ao longo dos anos.
- Bem, parece que afinal sempre fizemos uma boa ação no natal! - Disse a Carlota.
- Feliz Natal!" 

 

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10 Comentários:
Às 4:02 da tarde, dezembro 22, 2018 , Blogger Green disse...

Fugindo um bocadinho à tua história, fica giro por ser Natal.

 
Às 4:07 da tarde, dezembro 22, 2018 , Blogger Sofia Veloso disse...

Oh gostei bastante da continuação da tua historia
Beijinhos
Novo post //Intagram
Tem post novos todos os dias

 
Às 4:25 da tarde, dezembro 22, 2018 , Blogger Andreia Morais disse...

Um episódio que, infelizmente, representa uma realidade desumana - e cada vez mais recorrente!

 
Às 12:55 da tarde, dezembro 23, 2018 , Blogger Matilde disse...

Por mais pessoas assim, por favor!
Beijinhos
https://matildeferreira.co.uk

 
Às 12:48 da manhã, dezembro 24, 2018 , Blogger Mena Almeida disse...

Bonito texto, principalmente pela humanidade para com os animais:)
Bjxxxx

 
Às 9:04 da manhã, dezembro 25, 2018 , Blogger Teresa Isabel Silva disse...

Pois, acho que consegui transmitir uma mensagem!

 
Às 9:05 da manhã, dezembro 25, 2018 , Blogger Teresa Isabel Silva disse...

Sem dúvida alguma!

 
Às 1:38 da tarde, dezembro 26, 2018 , Blogger Elvira Carvalho disse...

Gostei de ler. Em 1990, também encontrei no caixote do lixo 6 gatinhos bebés. Melhor era 7 mas quando os resgatei, um já estava morto. Infelizmente não podia ficar com eles, o meu marido é alérgico aos gatos pelo que os fui entregar a uma casa de animais para que fossem dados para adoção.
Abraço

 
Às 7:55 da tarde, dezembro 26, 2018 , Blogger Ana Freire disse...

Gostei imenso deste capítulo, que foca um problema bem real... o abandono dos animais... e que normalmente são também eles, uma das prendas habituais de Natal, para os miúdos pequenos... e passado um tempo, nas férias, porque já transtornam... são abandonados...
Adorei o final feliz, que os cachorritos da tua história, tiveram!...
Beijinhos! Festas Felizes!
Ana

 
Às 5:39 da tarde, dezembro 28, 2018 , Blogger Quase Cinderela disse...

Mais uma vez adorei.
Conheço 3 histórias de animais encontrados no lixo, uma delas passou-se no dia 24 de dezembro de 2005, felizmente um dos meus primos foi pôr o lixo antes da ceia de natal e ouviu gemer, a cadela teve um final feliz. Mas infelizmente há muitos que morrem assim, é horrível...
Obrigada por falares deste tema.
Que 2019 seja um ano de maior humanidade e animais felizes.
Beijinho

 

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