Em janeiro visitei a bela e encantadora vila da Nazaré. A minha paragem foi o Sítio da Nazaré, que tem não só paisagens incríveis mas também uma história que merece ser partilhada.
Uma tarde na Ermida da Memória
Segundo os dados históricos, acredita-se que a primeira construção realizada no topo da escarpa do promontório da Nazaré. A ermida foi então erguida por iniciativa de D. Fuas Roupinho em 1182, sobre uma gruta onde, após a invasão muçulmana da península Ibérica, a imagem da nossa Senhora da Nazaré terá sido escondida. E é aqui que surge a lenda que te vou falar daqui a nada.
Em 1648, além da Ermida da memória e do Santuário da Nossa Senhora da Nazaré, contavam-se já cerca de 30 casas, estrebarias, um forno de cal e uma fonte.
No contexto da Guerra Peninsular, quando da primeira invasão francesa em 1808, as tropas de Napoleão Bonaparte saquearam o Santuário e a povoação. Alguns dos habitantes do local foram capturados e fuzilados pelos franceses no largo da Fonte Velha.
O Sítio da Nazaré, encontra-se cercado por uma extensa muralha, com o santuário, as casas de romeiros, o paço Real, a casa do Reitor, o teatro, a praça de touros, as duas fontes e os dois grandes poços, denota, através desses equipamentos e da organização da sua malha urbana (com vários e espaçosos largos), a origem da povoação, vocacionada para receber sazonalmente grande número de romeiros e de festeiros, denominando-se Festas da Nazaré a maior aglomeração humana que ocorre anualmente no início de setembro.
A lenda da Nazaré
Ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir.
Assustado, o veado terá fugido para o cimo de uma falésia. Devido ao denso nevoeiro d. Fuas isolou-se dos companheiros e quando deu conta estava à beira do precipício em perigo de vida.
Quando percebeu, estava mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava a imagem da Virgem Maria com o menino Jesus. Desesperado, ele rogou "Senhora, Valei-me!".
Miraculosamente o cavalo estacou, ficando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, hoje conhecido como Bico do Milagre.
D. Fuas desmontou o seu cavalo, e desceu à gruta para agradecer o milagre. Depois ordenou aos seus companheiros que chamassem pedreiros para construirem uma capela sobre a gruta em memória do milagre.
Antes de entaipar a gruta, os pedreiros desfizeram o altar ali existente e entre as pedras, inesperadamente, encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de São Brás e São Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, policromada, representando a Santíssima Virgem Maria sentada num banco baixo a amamentar o Menino Jesus.
Uma tarde na Ermida da Memória
Segundo esse pergaminho, a imagem teria sido venerada desde os primeiros tempos do Cristianismo em Nazaré, na Galileia, terra natal da Virgem Maria.
Entretanto, D. Rodrigo, o rei cristão derrotado, conseguira escapar do campo de batalha e disfarçado de mendigo, refugiara-se incógnito em Cauliniana. Porém, ao confessar-se a um dos monges, frei Romano, teve de dizer quem era. O monge propôs-lhe, então, fugirem juntos para o litoral atlântico e levarem consigo a muito antiga imagem da nossa Senhora da Nazaré, que se venerava no mosteiro com fama de muito miraculosa.
O rei Rodrigo passado um ano decidiu abandonar a região. Frei Romano continuou a viver no eremitério subterrâneo até à sua morte. A sagrada imagem da nossa Senhora da Nazaré continuou sobre o altar onde o monge a colocou até 1182 quando foi mudada para a capela que D. Fuas mandou construir sobre a gruta.
Anos mais tarde, o rei D. Fernando, mandou construir perto da capela, uma igreja para a qual a imagem da nossa Senhora foi transferida.
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Etiquetas: Ermida da memória, Nazaré, onde ir, turismo