Linha Desfalecida - 9º Capítulo
Achei que finalmente estava na hora de começar a fechar o círculo dos acontecimentos e começar a explicar algumas coisas que tem vindo a acontecer nos últimos capítulos de "Linha Desfalecida". Por isso gostava de saber quais são as tuas opiniões sobre o que o que aconteceu e sobre o que achas que ai acontecer...
"Isabel deixou-se guiar até ao exterior do café, limitou-se a ser puxada pelo Hugo, era como se o seu corpo e a sua mente recusassem ter um pensamento coerente e coordenado. Ela estava ali, algures perdida dentro da sua mente, e apenas sentia a mão do Hugo no seu braço, sentia as suas pernas a se movimentarem, mas na sua mente, apenas via o assaltante a pegar no dinheiro, ele a sair do café, a Alexa a aproximar-se e depois o sangue… E depois, voltava tudo ao mesmo, na mesma ordem, as mesmas imagens, vezes e vezes sem conta.- Ei, tu aí! – gritou a Samanta que estava apenas uns passos atrás do Hugo. – Ela está bem?
- Sim… está só em choque… - disse o Hugo parando e fitando a Isabel que parecia não estar a prestar atenção a nada do que acontecia à sua volta.
- Tens a certeza? Não será melhor chamar uma ambulância ou assim?
- Sim, ela vai ficar bem. – respondeu o Hugo sentando Isabel no chão. – Um pouco de ar fresco e ela fica bem… Podes ir embora se quiseres.
Samanta não se sentiu convencida, mas acabou por se despedir e afastar-se. Assim que o Hugo percebeu que ela tinha ultrapassado o limite do beco deserto, ajoelhou-se no chão e observou atentamente Isabel, que olhava para um ponto desconhecido na parede do outro lado.
- Ei!!! – exclamou ele estalando os dedos em frente dos olhos dela. – Estás ai?
- O que é que se passa? – perguntou a Isabel confusa, enquanto olhava em volta rapidamente, era como se nos últimos segundos a sua mente tivesse apagado tudo e de repente todas as imagens surgissem tão rápido na sua mente deixando-a tonta e confusa.
- É melhor mudares de posição, vais vomitar! – avisou ele ajudando-a a virar-se de lado, mesmo antes da primeira golfada de vómito sair sem que Isabel conseguisse controlar.
Só após alguns minutos é que Isabel conseguiu parar de vomitar, ficando depois constrangida pelo que aconteceu, afinal de contas, não era nem bonito nem elegante vomitar à frente de pessoas, muito menos na frente do vizinho jeitoso.
- Oh meu Deus que vergonha! – exclamou ela tentando arranjar o cabelo.
- Não te preocupes, já me aconteceu muitas mais vezes do que podes imaginar! – confessou o Hugo sentando-se ao lado dela e estendendo-lhe uma pequena garrafa de plástico com água.
- Andas sempre com garrafas de água no bolso do casaco? – perguntou ela rindo.
- Só quando sei que alguém vai vomitar… - respondeu ele fitando-a cuidadosamente.
Isabel sentiu a água passar-lhe a garganta, e parou de beber, sentiu-se assustada, como é que ele sabia que ela ia vomitar? Porque é que a tinha tirado do café? Porque é que não estava ali mais ninguém… O que tinha acontecido???
- Tenta ter calma, caso contrário vais vomitar outra vez, e não me parece que tenhas muita coisa no estômago para o fazeres, por isso só vai ser doloroso… - afirmou ele, depois olhou para ela e viu a expressão assustada no seu rosto, levantou as mão em sinal de rendição e disse. – Só te quero ajudar…
- Ajudar? – perguntou ela desconfiada, sentiu um enorme formigueiro nas suas pernas, por isso levantou-se de um salto. – Porque é que estamos aqui e não lá dentro?
- Porque tu não estavas bem… E não te podia deixar nesse estado lá dentro com outras pessoas…
- Em que estado eu estava? – perguntou a Isabel, não só para o testar, mas principalmente porque se sentia mesmo muito confusa com as memórias que tinha dos acontecimentos anteriores.
- Desesperadamente com fome! – respondeu ele sendo interrompido pelo telemóvel de Isabel que começou a tocar no bolso do casaco.
Isabel tirou o telemóvel do bolso, instantaneamente o Hugo aproximou-se, mas ela recuou um passo fazendo-lhe sinal para que não aproximasse. Isabel fitou o visor, era a Viviana que lhe estava a ligar.
- Preciso atender. – respondeu Isabel com uma estranha calma. – Ela deve estar preocupada, deixa-me só lhe dizer que estou bem e a caminho de casa… - explicou ela, apesar de contrariado, o Hugo concordou com a cabeça afastando-se um pouco, para dar privacidade, mas mesmo assim ouvir o que Isabel dizia à amiga.
Tal como prometido Isabel disse que estava bem, e que o Hugo a tinha levado a casa. As duas raparigas acabaram por se despedir, e Isabel voltou a guardar o telemóvel no bolso. Aproximando-se depois do Hugo.
- Obrigado. – disse ela assim que estava apenas a um passo dele, por algum motivo sentia-se assustada, confusa e frustrada, tudo ao mesmo tempo, e para piorar sentia que devia ouvir o que o Hugo lhe queria dizer, contudo uma parte de si queria fugir dali, era como se todos os seus instintos estivessem tão aguçados que fosse impossível de os controlar. Sentiu as mãos a tremer, as pernas a falhar e quando ia cair no chão porque simplesmente as pernas cederam, foi agarrada pelo Hugo que a abraçou não a deixando cair ao chão.
- Sei o que sentes… - segredou ele ao ouvido dela. – Deixa-me ajudar-te!
- Como? – questionou a Isabel sentindo a boca seca e a palavras a ficarem presas na vontade de chorar.
- Preciso que confies em mim… - pediu ele ainda lhe segredando ao ouvido, ela assentiu. – Consegues ficar em pé sem a minha ajuda?
Isabel voltou a assentir, então ele deixou de a apoiar afastando-se calmamente.
- Por favor, não te assustes com o que eu vou fazer… - disse ele, aparentemente ele também estava nervoso, e no fundo da sua mente Isabel questionou-se se isso seria bom para ambos.
Do bolso do casaco o Hugo tirou um canivete, que calmamente mostrou a Isabel para evitar que ela fugisse ou ficasse ainda mais assustada.
- Meu Deus, gostava de conseguir tornar isto tudo mais simples para ti, mas não tenho outra alternativa…"
Se ainda não tiveste a oportunidade de ler...
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