quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

"Ser autor é também isso: muitas vezes duvidamos de nós."

Em 2016 chegou até ao público a "Seara Mondada", a primeira obra de Paulo J. L. Santos. Desde então o escritor de Vidago, já trouxe até nós várias outras obras.
“No farol dos meus dias”, a sua próxima obra, já está pronta e em breve estará disponível para o público, mas antes disso, nada como conhecer o homem por trás das letras.


Ontem é só memória: Como surgiu o interesse pela poesia e pela escrita?
Paulo J. L. Santos:
Assim como as palavras - o comunicar e a necessidade de o fazer - julgo que a poesia faz parte do ser humano. Desde muito novo que desenvolvi hábitos de leitura. Foi das maiores “ferramentas” que me deram. E isso levou-me a conhecer , não só os autores, mas as suas mensagens.
Desde que me lembra sempre escrevinhei. Pequenos textos. Mais tarde, por volta dos 15 anos, comecei a escrever poesia. Muito simples e muito ingénua. Embora a assuma, nela já não me reconheço. Desses tempos não guardei quase nada exceto na raiz da memória. Ficou a semente. Para que te responda : Julgo que o gosto pela poesia, pelas letras, pela escrita nasceu comigo. E continuo um ávido leitor das palavras que me cativam. Seja em prosa ou poesia.

Ontem é só memória: Sendo a primeira obra, habitualmente a mais difícil de começar, como surgiu a ideia de criar a sua primeira obra?
Paulo J. L. Santos:
Concordo com o que afirmas! A dificuldade dos começos. O irmos juntado um amontoado de textos ou poemas e perceber o que iremos fazer com aquilo tudo. Se há em nós coragem para editar um livro. No meu caso surgiu naturalmente. As redes sociais possuem uma força indesmentível hoje em dia. E, para o bem ou para o mal, são um instrumento. Com isto quero dizer que fui partilhando, de uma forma mais tímida ao início, pedaços da minha criatividade na minha página do facebook. Depois partilhei a minha poesia. E a partir daí surgiu o meu primeiro livro “Seara mondada”. 

Quando o assunto é a produção de conteúdos nem sempre é simples encontrar inspiração, ou até mesmo as palavras corretas, contudo cada autor tem não só o seu tempo para produzir os seus conteúdos, como cada um, procura inspirações.

Ontem é só memória: Enquanto autor, pode-nos contar um pouco mais sobre o seu processo criativo?
Paulo J. L. Santos:
Nunca tive necessidade de pressas. Nem de cativar musas ou desesperar na ausência destas. Deixo que o tempo me abrace e em mim plante uma ideia. Depois dou-lhe corpo. O processo criativo em mim surge espontâneo.  Sou um espetador atento dos dias. Um observador e alguém que questiona tudo o quanto nos rodeia. E isso é tudo o quanto me basta.

Perguntar a um autor qual é a sua obra favorita é segundo Paulo J. L. Santos, como "perguntar a uma mãe: de qual dos filhos gosta mais.", mas segundo ele por motivos óbvios, o primeiro livro tem sempre um lugar de destaque quando se fala deste assunto.

Ontem é só memória: Por que motivo considera a sua primeira obra tão especial?
Paulo J. L. Santos:
Pelo processo. Pelo espanto! “Seara mondada” é o primeiro livro de uma trilogia e o meu primeiro livro impresso. Um ponto de partida, mas também, hoje e sempre, um porto de abrigo. Nele me refugio quando duvido. Ser autor é também isso: muitas vezes duvidamos de nós. Por isso o lugar de destaque. Pela certeza que me dá.

Ontem é só memória: Nos dias que correm é cada vez mais usual encontrarmos pessoas que dizem que não gostam de ler. Na sua opinião, como é que podemos combater a falta de interesse pela leitura?
Paulo J. L. Santos:
Num mundo tão imediato, de sensações instantâneas, a leitura, a literatura é relegada para um plano muito secundário. Sinal dos tempos?  
Acredito que o livro físico, o livro em papel, não perdeu o seu fulgor, apenas se encontra – cada vez mais – direcionado para elites. E com elites não insinuo elitismo! Tornou-se um nicho de mercado – embora amplo! Repara que o ler, a dificuldade em ler uma obra, quase que assume o mesmo papel quando comparado ao escrever! Cada vez se escreve pior. Nem sequer me refiro a erros ortográficos. Escreve-se mal. Expressamo-nos mal. Comemos as palavras.
Há um mal na explosão, ou na democratização, da escrita a nível editorial. Publica-se muita obra sem sumo. Banalidades. E isso condiciona os olhos e a mente.
Outro dia , numa superfície comercial, enquanto aguardava a minha vez para pagar uma compra reparei que toda a gente esfolhava livros. Lia um ou dois trechos e depois colocava o livro no mesmo lugar. Mas não vi ninguém a pegar num para o adquirir. Não sei se ficavam cansados ou se a escrita não despertava os sentidos. Como combater isso? É um debate urgente, de preocupante.

Ontem é só memória: O que poderemos esperar da sua próxima obra?
Paulo J. L. Santos:
Uma viagem! Uma íntima e transmissível viagem. “No farol dos meus dias”, já terminado e em fase de revisão, é a minha primeira incursão pelo universo da prosa. Um livro que me ia custando a alma, de cru e objetivo. Mas também um percurso e uma aprendizagem. O fiar páginas, quotidianamente, sem rede. Um ensaio para que assuma a minha letra. A sua filigrana. Hoje quando escrevo sinto que a minha escrita, a estampa que imprimo às letras, derivou para outras paragens. Onde me revejo integralmente.
Este livro, “No farol dos meus dias”, é um despertar . A viagem de um homem pela rota dos dias e pelo seu pulsar. Uma ode ao interior profundo. Às suas dúvidas e ás suas gentes e aos seus gritos. Que por vezes – tantas vezes – agonizam. E nessa viagem, entre mares bravios e portos de abrigo, findam-se os dias sem que se percam no esquecimento. A alvorada da memória!

Se gostaste desta entrevista, de certeza que vais gostar de conhecer a obra do autor! Presta atenção, ela está quase a chegar e eu vou ter novidades para ti!

 

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16 Comentários:
Às 4:24 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger Porventura escrevo disse...

Uma excelente entrevista, que estimula o leitor

 
Às 4:27 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Anonymous Beites disse...

Pois
que a leitura nestes tempos
embora de isolamento
continua pela hora da desgraça ´.`)

Uma boa e bela tarde pra vocês com alegria Teresa, beijinhos

 
Às 4:36 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger Matilde disse...

Excelente entrevista :) Fiquei curiosa com as novidades :)

 
Às 6:11 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger - R y k @ r d o - disse...

Uma fascinante entrevista que muito gostei de ler. Os meus parabéns. Gostei de ler e ficar a conhecer a obra do escritor
.
Saudações amigas
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

 
Às 8:34 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger Francisco disse...

Gostei, muito bom

Beijinhos

 
Às 9:23 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger Os olhares da Gracinha! disse...

Gostei de conhecer! 👏🏽👏🏽👏🏽

 
Às 11:09 da tarde, fevereiro 10, 2022 , Blogger Fatyma Silva disse...

Uma excelente entrevista
gostei de ler!

Beijinhos

 
Às 12:28 da manhã, fevereiro 11, 2022 , Anonymous Carla M. disse...

Parabéns pela entrevista Paulo Santos.

 
Às 2:16 da manhã, fevereiro 11, 2022 , Blogger J.P. Alexander disse...

Buena entrevista. Te mando un beso.

 
Às 9:01 da manhã, fevereiro 11, 2022 , Blogger Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei desta excelente entrevista.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

 
Às 2:30 da tarde, fevereiro 11, 2022 , Anonymous Teresa Maia Oliveira disse...

Excelente entrevista. Uma nova vaga de autores Portugueses .
Parabéns ao entrevistador e ao entrevistado.

 
Às 7:12 da tarde, fevereiro 11, 2022 , Blogger Sofia Veloso disse...

Como foi bom conhecer um pouco mais sobre ele, parabéns pela entrevista
Beijinhos
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Às 5:35 da tarde, fevereiro 12, 2022 , Blogger Ana Freire disse...

Adorei a entrevista! Um autor que não conhecia e a que aprestarei atenção futuramente!
Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana

 
Às 11:19 da manhã, fevereiro 13, 2022 , Blogger AFlores disse...

Gostei desta entrevista.
Parabéns aos intervenientes.
Tudo de bom.
:)

 
Às 12:36 da manhã, fevereiro 16, 2022 , Anonymous Cristina Saraiva Costa disse...

Alguém me pode informar mais sobre este escritor?
Gostei imenso desta entrevista

 
Às 4:23 da tarde, fevereiro 17, 2022 , Anonymous PEDRO VIRGILIO LOPES disse...

Bravo!

 

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