Desde já peço imensa desculpa por estar a ocupar o seu tempo
com a minha modesta carta, acredito que esteja muito ocupada, pois só uma
pessoa muito ocupada ou então desatenta é que não iria reparar no quão ridículo
se transformaram os vossos serviços.
Não acredita em mim? Devia, pois num só dia, em apenas uma hora
percorri tantos corredores do hospital S. João que quase me senti em casa. E
sabe que mais, ninguém se deve sentir em casa num hospital, não concorda?
E
antes que pense que tenho uma doença grave, pode ficar descansada, nada disso,
fui apenas a uma consulta externa, mas acredite, os vossos funcionários de
apoio são tão maus a dar indicações e a ajudar o utente que se a minha situação
fosse de vida ou morte, era bem possível que estivesse a escrever esta carta da
morgue.
Mas comecemos pelo princípio, em junho de 2016 a minha
médica de família enviou o pedido para uma consulta de avaliação
multidisciplinar e tratamento cirúrgico de obesidade. Nessa altura tinha um
pouco mais de 140 kg. Esperei até 18 de novembro de 2019 para ter a primeira
consulta, ou seja, quase 4 anos e 40 quilos perdidos depois de todo o
processo ter dado início.
Mas vá, eu sou portuguesa, sei ser paciente, mas até a
paciência tuga tem limites.
Vamos lá por partes novamente:
Dia 18 de novembro de 2019, a endocrinologista prescreveu-me
umas análises clínicas (colheita de sangue e urina), nesse mesmo dia dirigi-me
ao vosso laboratório para marcar a data para a recolha das mesmas e sabe que
mais? Recusaram-se a marcar as análises porque ainda não tinham agenda para janeiro de 2020.
Como assim? Até eu que sou uma mortal comum e uma portuguesa
paciente já tinha a minha agenda para 2020 e vocês não?
Oh devem andar mesmo
muito ocupados para não reparar nesta falha…
Sabe quantas vezes, liguei para o hospital para marcar estas
colheitas? Não? Irónico nem eu, porque perdi a conta, por isso, quando no dia
20 fui à consulta de psicologia clínica, decidi ir diretamente ao vosso
laboratório do hospital de dia para marcar a dita colheita.
Foram 88 dias, e claro, também sou uma pessoa ocupada (ou
pensavam que eram só vocês?), esqueci-me do papel das análises. Será que posso
ligar para marcar? Claro que não, isso era muito simples.
A
solução apresentada na sala de colheitas do hospital de dia, foi ir lá noutro dia para marcar a colheita.
Oh como assim
faltar outro dia ao trabalho para marcar a colheita, e outro dia para fazer a
colheita? Eles sabem que eu não trabalho no Hospital S. João por isso, não me
posso dar ao luxo de ir fazendo as coisas, certo?
Esperem... Afinal foi-me
apresentada a possibilidade de pedir uma segunda via das análises… Mas não
podia ser assim tão fácil pois não?
Para simplificar toda a minha viagem pelos corredores do
vosso hospital tomei a liberdade de fazer um esquema, para não correr o risco
de perder a sua atenção agora que estou a chegar à melhor parte:
Acho que me fiz entender certo? Pois bem chegando à zona de colheitas, onde finalmente encontrei uma funcionária prestável (sim, porque a senhora o K4 além de parecer fossilizada em cinismo, era igualmente mal educada), que através do meu numero de processo (que outro funcionário do K4 me deu, o que foi de louvar tendo em conta todo o cuidado e atenção da sua colega de balcão), se prestou para me marcar a colheita…
Mas quer se rir (sim, porque
o seria da vida sem a animação dos serviços públicos portugueses) só havia vaga
para marcar essa colheita em… Surpresa: Setembro!
Agora por favor pedia que me explicasse como é possível que
em novembro não tenham a agenda para janeiro (intervalo de dois meses), mas que
eu fevereiro já tenham a agenda de setembro (estamos a falar de 7 meses). Andam
realmente muito ocupados, não haja dúvida.
Mas pronto lá concordei em marcar para setembro, parecia que
a minha visita de estudo ( e digo visita de estudo, porque aprendi muita coisa nesse dia) estava a chegar
ao fim, quando a funcionária me disse que não podia marcar a colheita pois
faltava um exame especifico e que sem ele não podia marcar.
Desculpe, como disse?
“A médica esqueceu-se de passar um exame, tem que vir cá uma
segunda-feira, e pedir à médica umas novas análises…”
Você que está a ler esta carta, tem noção do ridículo certo?
Tem noção da má imagem que todo o hospital passa com isto?
Só para ter a
certeza, você, conhece o hospital que está a dirigir?
Tudo isto é de uma enorme
incompetência, neste momento eu tenho receio de me submeter a uma cirurgia
pois questiono a competência de TODOS os funcionários do hospital, parabéns se
vocês queriam diminuir a lista de espera e poupar os custos com cirurgias por
este andar não serei a única a temer o facto de deixar a minha vida nas vossas
mãos.
Felizmente a minha situação não é urgente, mas neste momento
espero que as urgências e as situações clínicas relevantes estejam a funcionar
melhor que as portas do elevador do piso 1.
Não sabe o que se passa com o elevador? Nem eu, mas vá ver
porque ele, não está a funcionar direito.
Atenciosamente,
Teresa Isabel Silva"
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Acredito que nas grandes Cidades
ResponderEliminaré uma grande barraca
o nosso serviço Nacional de Saúde-,`
interesses de aqui e de ali
confusões, enfim -;```
Bom fim de semana Teresa
há que alegrar
que o Carnaval está chegar -,`))
Beijinhos-,`
Foi terrível!
EliminarBem, maus valia teres vindo fazer as análises aqui ao NHS, acreditas que sempre me orientei bem aqui nos hospitais sem precisar de pedir orientações, e empre fui bem despachada.
ResponderEliminarNao te estou a imaginar com 140 kgs... meço tanto quanto tu e o máximo que cheguei foi aos 80. Muita força nisso!
Beijocas*
Tens 1.75??? Não sabia...
Eliminarrealmente acredito que se tivesse ido ai já tinha o problema resolvido!
Até parece surreal :o
ResponderEliminarMas infelizmente foi bem real!
EliminarSo important:)
ResponderEliminarTrue
EliminarE isto é só um exemplo em milhentos, dos péssimos serviços públicos que temos em Portugal!
ResponderEliminar140 quilos! Parabéns, pois pelas fotos não parece nada que tenha pesado tanto. Está cada vez mais bonita.
ResponderEliminarPois, há gente tão incompetente por aí...
Bom domingo.